O jornalismo científico. A experiência da notícia etnográfica.

A globalização e a velocidade das informações exigem que o jornalista atualmente seja também um pesquisador. É comum vermos matérias e notícias corrigidas pelos mais leigos dos telespectadores. Jornalistas especiais são aqueles que se preocupam em entender para depois divulgar, mas isso ainda é uma condição rara entre os jornalistas brasileiros. Depois que o Globo Repórter apresentou uma matéria francesa sobre a Sibéria, matéria que esperei ansiosamente durante duas semanas, pude perceber falhas quanto ao entendimento sobre os povos siberianos. Detalhes importantes sobre esses povos nem foram salientados, tais como a religião (os mitos), o parentesco, a reprodução. A alimentação foi abordada sem relação. Apenas o estudo ao nomadismo se sobressaiu. Se a etnografia, por exemplo, fosse um método obrigatório entre os jornalistas, poucas críticas poderiam ser formuladas a profissão e o jornalista se sobressairia como em sua seriedade e credibilidade da notícia.

Esse Blog é para quem possui idéias quanto a métodos inovadores da informação e para quem tem idéia de quais abordagens seria interessante de divulgação na Imprensa. Eu, por exemplo, acredito que um programa sobre populações étnicas já devia ter sido criado ou pelo menos estudado, seria também dirigido por um jornalista etnográfico que suspendesse a sua própria cultura e conceitos em busca de transmitir outras esferas, outros sistemas sociais e sabedorias étnicas que muito a sociedade nacional necessita. Uma espécie de “Antropólogojornalista” comprometido com a veracidade da diferença através da Ciência e com outro mundo que para nós se apresenta como encantado. O jornalista apresentaria relações e situações interessantes aos olhos de qualquer telespectador, nem dando margem para a critica da imprensa devido ao grau científico que compõe o seu trabalho.

E vocês? Tem idéias ou opiniões sobre o assunto?

Editoria:

Comments

Penso na impossibilidade que a famosa exigência do "tempo real" nas notícias (principalmente na Internet e na TV) para uma apuração etnográfica que exige distanciamento, como você bem colocou. Em formatos mais longos, como os videos documentarios, a Futura, por exemplo, já vem se utilizando desta prática, contratando inclusive um antropólogo para dar cursos e avaliar o desempenho de programas como "Os Trilheiros" e outros. De qualquer forma é fascinante a ídéia de um jornalismo etnográfico, principalmente aplicado às questões ambientais.

Lúcia Helena Mendes - Jornalista e professora de jornalismo na UFT

Olá Lúcia, A discovery vem trabalhando há muitos anos com o jornalismo etnográfico, isso eleva a emissora, faz com que os programas sejam diferenciados. Fico pensando porque no Brasil é tão difícil esse tipo de jornalismo, se ele é muito mais vantajoso, radiante. É muito prazeroso acompanhar um programa na discovery. Mas acho que não há misterios nessa experiencia no nosso jornalismo, penso que as edições abarcam esse tipo de jornalismo. Por outro lado há uma série de temáticas não explorada pela mídia brasileira, aí temos um problema de educação no nosso país. Com certeza se o jornalismo abarcasse mais as teses de doutorado e as dissertações de mestrado, iríamos ter notícias etnográficas bem interessantes. Também facilitaria o trabalho jornalístico, uma parceria que não saíria cara para ambos os lados. Imagine só um documentário sobre a lógica cultural de povos tradicionais que convivem com terremotos? ou sobre o trabalho e o cotidiano de um cortador de cana? Ou sobre os sítios arqueológicos no brasil, mostrando as descobertas passo a passo?

Essas temáticas não estejam em pauta no jornalismo, mas os assuntos que estão também carece de etnografia. Acho que toda notícia precisa ser bem estudada antes de ser proferida. Um jornalismo etnográfico aplicado a questão ambiental seria muito interessante.

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